“Estou feliz
por vos falar de uma arte que foi minha preocupação constante. Tendes cem vezes
razão em defender a causa da arte e colocá-la em paralelo na Terra e no espaço.
A arte é de essência divina, é uma manifestação do pensamento de Deus, uma
radiação do cérebro e do coração de Deus transmitida sob a forma artística.
No entanto,
muitas coisas do plano divino não podem ser transmitidas aos homens. A arte,
sob forma de inspiração, faz parte desse todo maravilhoso que compõe o
Universo. É o relâmpago, ou antes, é a centelha que estabelece a relação entre
Deus e suas criaturas.
Vós podeis
vos perguntar quais são os reflexos que guardamos da arte após haver passado
séries de existências em diferentes mundos. Eu vou tentar vos dizer.
Em vossa
Terra, a arte ainda é uma coisa pouco importante e vos contentais com isso. A
arte existe em todos os domínios: no do pensamento, no da escultura, no da
música. É neste último que ela se manifesta melhor e torna-se acessível a mais
cérebros. Primeiro, quando o espírito humano encarna na Terra e que traz, seja
da sua vida no espaço, seja em conseqüência de um trabalho anterior nas vidas
terrestres, uma certa noção do ideal estético, quando chega à maturidade na sua
vida terrestre, sua bagagem artística se exterioriza sob a forma de inspirações
ligadas a uma qualidade mestra que nós chamaremos de o gosto junto ao sentido
do belo. Eis aí, pois, o artista criado e pronto para trabalhar sobre a
matéria.
Quando esse
artista realizou uma vida de trabalho, ele retorna ao espaço. Lá se libertará
do seu ser uma quantidade imensa de pensamentos que ele deseja concretizar.
Nesse meio fluídico, ele terá todos os materiais necessários para reconstituir
o que seu pensamento aprisionado na carne não pôde realizar em uma só
existência.
O espírito
não possui órgão visual, mas o pensamento reúne todos os sentidos. Primeiro,
ele recebe em sua memória as mais belas coisas que sensibilizaram seu cérebro
na existência precedente. Se ele viveu em um meio elevado, graças às diretrizes
adquiridas, os quadros que passarão em seu pensamento serão verdadeiramente
inspirados pelo culto do belo. Portanto, nosso ser espiritual, em nome do seu
trabalho, será, em pouco tempo, transferido a um meio fluídico suficientemente
puro, livre de parcelas materiais, e de lá poderá receber, pela lembrança, o
reflexo artístico de suas vidas anteriores. Por um simples querer, tudo se concretizará
com a ajuda dos fluidos ambientes. Esse espírito era pintor? Seu pensamento
refletirá os quadros dos mestres que ele conheceu e amou. Era escultor? As
formas antigas ou clássicas, ou aquelas da sua época aparecerão sobre a tela do
seu pensamento. Depois, com o tempo, outros espíritos, não-atraídos pela arte,
mas desejosos de se elevarem em direção a um plano superior, se agruparão em
torno dos seres que, por seu trabalho e seu adiantamento, planam em regiões
fluídicas mais puras. Esses seres, que se aproximam do artista, receberão mais
facilmente o pensamento deste último; por um trabalho prolongado, se estabelecerá
uma fusão entre o espírito do profano e o espírito do artista. Pouco a pouco, o
profano receberá em seu pensamento os quadros e as cenas artísticas do seu
mestre espiritual e poderá, então, experimentar alegrias estéticas muito
grandes e se tornar, ele mesmo, artista em uma futura existência, porquanto
terá recebido os primeiros elementos da arte no contato com um ser mais avançado
do que ele.
É assim que,
geralmente, os meios artísticos se perpetuam da Terra ao espaço, do espaço à
Terra, e nos outros mundos, visto que existem aqueles em que os meios de
criação artística são mais ricos do que em vosso globo.
Devo
acrescentar que os espíritos, por trocas de pensamentos, podem criar formas com
a ajuda da sucessão de cores que é infinita no espaço: quanto mais os planos
são elevados, mais a sucessão de cores é desenvolvida.
Na atmosfera
terrestre não podemos exteriorizar nosso pensamento de uma forma clara e
precisa. É como se vós quisésseis projetar vosso pensamento sobre uma tela
cinzenta em lugar de uma tela branca.
Às vezes os
espíritos se reúnem, através de seus pensamentos, trocam formas, criam quadros
variados. Se um espírito que viveu em um mundo superior se encontra no meio
deles, ele faz seus irmãos menos privilegiados aproveitarem os recursos
artísticos que ele pôde adquirir. O criador dessas cenas tem o poder de
destruir imediatamente o que seu pensamento criou. Portanto, essas cenas são
passageiras e pessoais ao espírito; mas aqueles que têm o desejo de se elevar
podem aproveitar essa projeção artística, constituída pela combinação de moléculas
fluídicas emanadas do meio ambiente.”
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