O estudo do Espiritismo nas suas relações com a arte limita-se com os mais vastos problemas do pensamento e da vida. Ele nos mostra a ascensão do ser, na escala das existências e dos mundos, em direção a uma concepção sempre mais ampla e mais precisa das regras da harmonia e da beleza, segundo as quais todas as coisas são estabelecidas no Universo. Nessa ascensão magnífica, a inteligência cresce pouco a pouco; os germes do bem e do belo, nela depositados, se desenvolvem ao mesmo tempo em que a sua compreensão da lei de eterna beleza se amplia.

A alma chega a executar sua melodia pessoal, sobre as mil oitavas do imenso teclado do Universo; ela se penetra da harmonia sublime que sintetiza a ação de viver e a interpreta segundo seu próprio talento, desfruta cada vez mais as felicidades que a posse do belo e do verdadeiro proporciona, felicidades que, desde este mundo, os verdadeiros artistas podem entrever. Assim, o caminho da vida celeste está aberto a todos, e todos podem percorrê-lo, por seus esforços e seus méritos, e conseguir a posse desses bens imperecíveis que a bondade de Deus nos reserva.



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quarta-feira, abril 17

Primeira lição de o Esteta – A essência da arte, seus domínios.


“Estou feliz por vos falar de uma arte que foi minha preocupação constante. Tendes cem vezes razão em defender a causa da arte e colocá-la em paralelo na Terra e no espaço. A arte é de essência divina, é uma manifestação do pensamento de Deus, uma radiação do cérebro e do coração de Deus transmitida sob a forma artística.
No entanto, muitas coisas do plano divino não podem ser transmitidas aos homens. A arte, sob forma de inspiração, faz parte desse todo maravilhoso que compõe o Universo. É o relâmpago, ou antes, é a centelha que estabelece a relação entre Deus e suas criaturas.
Vós podeis vos perguntar quais são os reflexos que guardamos da arte após haver passado séries de existências em diferentes mundos. Eu vou tentar vos dizer.
Em vossa Terra, a arte ainda é uma coisa pouco importante e vos contentais com isso. A arte existe em todos os domínios: no do pensamento, no da escultura, no da música. É neste último que ela se manifesta melhor e torna-se acessível a mais cérebros. Primeiro, quando o espírito humano encarna na Terra e que traz, seja da sua vida no espaço, seja em conseqüência de um trabalho anterior nas vidas terrestres, uma certa noção do ideal estético, quando chega à maturidade na sua vida terrestre, sua bagagem artística se exterioriza sob a forma de inspirações ligadas a uma qualidade mestra que nós chamaremos de o gosto junto ao sentido do belo. Eis aí, pois, o artista criado e pronto para trabalhar sobre a matéria.
Quando esse artista realizou uma vida de trabalho, ele retorna ao espaço. Lá se libertará do seu ser uma quantidade imensa de pensamentos que ele deseja concretizar. Nesse meio fluídico, ele terá todos os materiais necessários para reconstituir o que seu pensamento aprisionado na carne não pôde realizar em uma só existência.
O espírito não possui órgão visual, mas o pensamento reúne todos os sentidos. Primeiro, ele recebe em sua memória as mais belas coisas que sensibilizaram seu cérebro na existência precedente. Se ele viveu em um meio elevado, graças às diretrizes adquiridas, os quadros que passarão em seu pensamento serão verdadeiramente inspirados pelo culto do belo. Portanto, nosso ser espiritual, em nome do seu trabalho, será, em pouco tempo, transferido a um meio fluídico suficientemente puro, livre de parcelas materiais, e de lá poderá receber, pela lembrança, o reflexo artístico de suas vidas anteriores. Por um simples querer, tudo se concretizará com a ajuda dos fluidos ambientes. Esse espírito era pintor? Seu pensamento refletirá os quadros dos mestres que ele conheceu e amou. Era escultor? As formas antigas ou clássicas, ou aquelas da sua época aparecerão sobre a tela do seu pensamento. Depois, com o tempo, outros espíritos, não-atraídos pela arte, mas desejosos de se elevarem em direção a um plano superior, se agruparão em torno dos seres que, por seu trabalho e seu adiantamento, planam em regiões fluídicas mais puras. Esses seres, que se aproximam do artista, receberão mais facilmente o pensamento deste último; por um trabalho prolongado, se estabelecerá uma fusão entre o espírito do profano e o espírito do artista. Pouco a pouco, o profano receberá em seu pensamento os quadros e as cenas artísticas do seu mestre espiritual e poderá, então, experimentar alegrias estéticas muito grandes e se tornar, ele mesmo, artista em uma futura existência, porquanto terá recebido os primeiros elementos da arte no contato com um ser mais avançado do que ele.
É assim que, geralmente, os meios artísticos se perpetuam da Terra ao espaço, do espaço à Terra, e nos outros mundos, visto que existem aqueles em que os meios de criação artística são mais ricos do que em vosso globo.
Devo acrescentar que os espíritos, por trocas de pensamentos, podem criar formas com a ajuda da sucessão de cores que é infinita no espaço: quanto mais os planos são elevados, mais a sucessão de cores é desenvolvida.
Na atmosfera terrestre não podemos exteriorizar nosso pensamento de uma forma clara e precisa. É como se vós quisésseis projetar vosso pensamento sobre uma tela cinzenta em lugar de uma tela branca.
Às vezes os espíritos se reúnem, através de seus pensamentos, trocam formas, criam quadros variados. Se um espírito que viveu em um mundo superior se encontra no meio deles, ele faz seus irmãos menos privilegiados aproveitarem os recursos artísticos que ele pôde adquirir. O criador dessas cenas tem o poder de destruir imediatamente o que seu pensamento criou. Portanto, essas cenas são passageiras e pessoais ao espírito; mas aqueles que têm o desejo de se elevar podem aproveitar essa projeção artística, constituída pela combinação de moléculas fluídicas emanadas do meio ambiente.”