A
solidariedade dos sons e das cores, da qual nos fala o Espírito Massenet, foi
entrevista por todos os grandes músicos.
Um deles disse: “A melodia é para a
luz o que a harmonia é para as cores do prisma, isto é, uma mesma coisa sob
dois aspectos diferentes: melódico e harmônico.”
Platão diz ainda: “A música é uma lei
moral. Ela dá uma alma ao Universo, asas ao pensamento, um impulso à
imaginação, um encanto à tristeza, a alegria e a vida a todas as coisas. Ela é
a essência da ordem e eleva em direção a tudo o que é bom, justo e belo, de que
ela é a forma invisível, porém surpreendente, apaixonada, eterna.”
De passagem,
observemos que Massenet é mais melodista que sinfonista.
Para formar
a luz branca, é necessário o acorde das cores complementares e esta luz
torna-se mais viva e radiosa na mesma proporção em que a melodia resuma e
sintetize melhor o acorde das harmonias complementares.
Parece,
então, que há uma concordância perfeita entre as concepções dos gênios
terrestres e o ensino das entidades do Além, reconhecendo-se que estas nos
fornecem detalhes, estimativas ignoradas pelos especialistas do nosso mundo.
As relações
que a melodia e a harmonia têm entre si são como as que existem entre o
pensamento e o gesto. Também se poderia dizer que, em música, a melodia
representa a síntese, e a harmonia, a análise. Portanto, elas penetram uma na
outra e não valem senão quanto mais completamente se combinem e se liguem.
Na Terra, a beleza de uma obra musical resulta
ao mesmo tempo da concepção e da execução, mas na vida do Além, o pensamento
iniciador e a execução se confundem porque o pensamento comunica às vibrações
fluídicas as qualidades que lhe são próprias. A obra é tão mais bela e a
impressão que ela produz é tão mais viva quanto mais elevada for a intenção. É
isso que dá à prece ardente, ao grito da alma em direção ao seu Criador, propriedades
harmônicas.
Quanto mais
nos elevamos na escala das relações, mais a unidade aparece em sua sublime
grandeza.
A lei das
notações musicais rege todas as coisas e seu ritmo embala a vida universal. É
uma espécie de geometria radiante e divina. O alfabeto humano, como uma gaguez,
é uma de suas formas mais rudimentares. Suas manifestações, porém, tornam-se
cada vez mais amplas e importantes em todos os graus da escala harmônica.
O espírito
humano não pode se elevar até às supremas alturas da arte cuja fonte está em
Deus, mas ele pode, pelo menos, elevar suas aspirações em direção a elas. As
concordâncias estéticas se dispõem, em graus, ao infinito; mas acontece apenas
se, nas horas de êxtase e de enlevo, o pensamento humano entrevê alguns aspectos
da lei universal da harmonia. A regra musical se produz, no espaço, em traços
de luz; o pensamento, a expressão do talento divino e os astros em seu curso,
ali conformam suas vibrações.
Se o
espírito humano, em seus arrebatamentos, se eleva um instante sobre essas
alturas, ele recai impotente para descrever suas belezas; as impressões que ele
sente só podem ser traduzidas por uma muda adoração. O próprio Espírito
Massenet se declara insuficientemente evoluído para se manter nessas esferas
superiores.
Uma vez
mais, aqui nos encontramos parados pela impossibilidade de exprimir, em uma
linguagem humana, idéias sobre-humanas. Ainda que se possa falar, fica-se
sempre abaixo da verdade. O infinito das idéias, dos quadros, das imagens são
como um desafio dirigido aos recursos limitados do vocabulário terrestre.
Efetivamente, como encerrar em palavras, como resumir em palavras todo o
esplendor das obras que se desenvolvem nas profundezas dos céus estrelados?
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