Dissemos que
o objetivo essencial da arte é a procura e a realização da beleza; é, ao mesmo
tempo, a procura de Deus, pois que Deus é a fonte primeira e a realização perfeita
da beleza física e moral.
Quanto mais
a inteligência se apura, se aperfeiçoa e se eleva, mais se impregna da idéia do
belo. O objetivo essencial da evolução, portanto, será a procura e a conquista
da beleza, a fim de realizá-la no ser e nas suas obras. Tal é a norma da alma
na sua ascensão infinita.
Nisso já se
impõe a necessidade das vidas sucessivas como meio de adquirir, por esforços
contínuos e graduados, um sentido sempre mais preciso do bem e do belo. Os
inícios são modestos aqui na Terra, a alma se prepara primeiro nas tarefas
humildes, obscuras, apagadas, depois, pouco a pouco, por novas etapas, o
espírito adquire a dignidade de artista. Mais elevado ainda, ele se abrirá às
concepções vastas e profundas, que são o privilégio do gênio, e se tornará
capaz de realizar a lei suprema da beleza ideal.
Em nossa
Terra, os artistas não se inspiram todos nesse ideal superior. A maior parte
limita-se a imitar o que eles chamam “a natureza”, sem perceber que ela não é
mais que um dos aspectos da obra divina. No espaço, porém, a arte reveste
formas ao mesmo tempo mais sutis e mais grandiosas e se ilumina com um reflexo
divino.
Eis por que,
neste estudo, tivemos que consultar principalmente os nossos espíritos-guias,
recolher e resumir seus ensinamentos. No âmbito em que vivem, as fontes de
inspiração são mais abundantes, o campo de ação se alarga; o pensamento, a
vontade, o poder supremo se afirmam e irradiam com mais intensidade.
Nossos
protetores invisíveis nos enviaram primeiro o Espírito Massenet, que veio nos ditar cinco lições sobre a
música celeste, procedendo como o fazia sobre a Terra, nos seus cursos do Conservatório.
Mas isso não podia ser suficiente para nós; precisávamos de dados mais gerais,
de uma visão global sobre a forma como a arte é sentida e praticada no Além.
Observa-se
muitas vezes, nas obras inspiradas por espíritos, principalmente nos livros
anglo-saxões, a descrição de lugares, de monumentos, de moradas criadas com a
ajuda de fluidos, pela vontade dos habitantes do espaço. Temos necessidade de
esclarecimentos sobre esse assunto tão controverso e sobre o qual, até hoje,
faltaram indicações preciosas.
De acordo
com nossos pedidos reiterados, e a fim de nos ensinarem, os guias nos
anunciaram uma entidade que se apresenta sob este nome: o Esteta, cuja personalidade verdadeira só nos será revelada ao
final deste estudo. Imediatamente tivemos a impressão de que nos encontrávamos
em presença de um espírito de alto valor.
O fenômeno
produziu-se sob a forma de incorporações. Desde o momento em que a entidade
toma posse do médium em transe, os traços deste, que é um rapaz cego, tomam uma
expressão de calma, de serenidade quase angélica e, que contrasta com a maneira
de ser dos outros espíritos. A palavra é suave, penetrante, e, quando a sessão
termina, os assistentes se encontram sob uma impressão de serena paz, de
profunda quietude. O médium, ao despertar, ignora completamente o que foi dito
por sua boca durante o transe e declara encontrar-se como mergulhado em um
“banho de radiações”. Ele experimenta uma sensação de bem-estar inexprimível.