(Outubro de 1922)
“Vós sabeis
como se formam as vibrações. O espírito, transportado na esfera vibratória,
acha-se envolvido por uma rede de ondas sonoras cujos elementos são
constituídos por seres superiores. O que sente ele? Sente uma impressão
comparável àquela que sentis ao ouvir uma tônica em música. Quanto mais as ondas do campo
vibratório são desenvolvidas em velocidade e em comprimento, mais a impressão
sentida pelo perispírito é viva, penetrante e comparável, em termos humanos, à
impressão que nos proporcionam os sons agudos.
Temos,
então, de um lado a tônica e de outro o som agudo. Se, no campo vibratório, as
ondas variam em velocidade e intensidade, a amplitude do som variará e esse som
parte de um ponto inicial, comparável à tônica. Esse ponto inicial compreende
uma certa onda vibratória, e eu não posso mensurá-la. Eis uma comparação:
vossos fonógrafos emitem sons onde, além da sonoridade
produzida pelo instrumento, se aproximardes o ouvido do seu pavilhão, sentireis
um calor mais ou menos intenso, segundo a elevação do tom. Pois bem, o ser
desencarnado não sente calor, mas sensações mais ou menos deliciosas, de acordo
com a maior ou menor velocidade e com a maior ou menor duração da onda.
As radiações
que atingem o perispírito são coloridas de tons infinitamente variados. Cada
cor tem uma propriedade particular, que dá uma sensação de bem-estar, de
satisfação, que difere segundo a pureza, a homogeneidade de cada tom. É
preciso, então, levar em conta, de um lado, a qualidade das ondas, isto é, da
sua coloração; de outro lado, a sua velocidade, a sua duração, as diversas fases
de seus meandros. Tudo isso provoca, no ser desencarnado, fenômenos
incomparáveis e infinitamente variáveis, porque, quanto mais o espírito é
evoluído, mais diversas são as ondas que ele percebe, assim como as cores, que
exprimem os sentimentos. Tomemos como exemplo o azul, que representa os
sentimentos mais elevados sob o ponto de vista afetivo; uma onda azul nos dará
vibrações que serão, para o vosso ser, como um banho de amor. O vermelho, nas
mesmas condições, representa a paixão. O amarelo será intermediário. O rosa,
que é uma mistura de amarelo com vermelho, vos dará um amor menos intenso,
porém mais constante. Assim, com essas cores fundamentais, podeis formar uma
gama de tonalidades que dão, por correspondência, vibrações de todos os
sentimentos humanos e sobre-humanos.
Se o ser
desencarnado ainda é pouco evoluído, mas tem o desejo de se impregnar de belos
sentimentos, seus guias o conduzirão para esferas animadas por seres angélicos.
Quando o desencarnado é muito evoluído, ele colhe, nas mesmas esferas, satisfações
em que o amor e a paixão virão impregnar seu ser, e é por isso que, de regresso
à nossa Terra, os seres que amam a música lembram-se intuitivamente das estadas
mais ou menos longas que fizeram no espaço, em um campo de ondas musicais.
A música
celeste não é produzida por fricções de arco sobre cordas: tudo é fluídico,
tudo é espiritual, tudo é inspirado pelo pensamento de Deus.”
O Espiritismo na Arte de Léon Denis