O estudo do Espiritismo nas suas relações com a arte limita-se com os mais vastos problemas do pensamento e da vida. Ele nos mostra a ascensão do ser, na escala das existências e dos mundos, em direção a uma concepção sempre mais ampla e mais precisa das regras da harmonia e da beleza, segundo as quais todas as coisas são estabelecidas no Universo. Nessa ascensão magnífica, a inteligência cresce pouco a pouco; os germes do bem e do belo, nela depositados, se desenvolvem ao mesmo tempo em que a sua compreensão da lei de eterna beleza se amplia.

A alma chega a executar sua melodia pessoal, sobre as mil oitavas do imenso teclado do Universo; ela se penetra da harmonia sublime que sintetiza a ação de viver e a interpreta segundo seu próprio talento, desfruta cada vez mais as felicidades que a posse do belo e do verdadeiro proporciona, felicidades que, desde este mundo, os verdadeiros artistas podem entrever. Assim, o caminho da vida celeste está aberto a todos, e todos podem percorrê-lo, por seus esforços e seus méritos, e conseguir a posse desses bens imperecíveis que a bondade de Deus nos reserva.



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sexta-feira, julho 1

aliadas do amor

o objetivo essencial da arte

a percepção do som no mundo espiritual

“Vocês sabem como se formam as vibrações. O espírito, transportado na esfera vibratória, encontra-se envolvido por uma rede de ondas sonoras cujos elementos são constituídos por seres superiores.
O que ele experimenta? Experimenta uma impressão comparável à que vocês sentem quando ouvem em música uma nota tônica. Quanto mais as ondas do campo vibratório se desenvolvem em velocidade e comprimento, mais a impressão experimentada pelo espírito é viva, penetrante e comparável, em termos humanos, à que os sons agudos nos fornecem.
“Portanto temos, de um lado, a nota tônica e, de outro, o som agudo. Se no campo vibratório as ondas variam em velocidade e em intensidade, a amplitude do som varia, e esse som parte de um ponto inicial, comparável à nota tônica. Esse ponto inicial compreende uma certa onda vibratória que não posso medir. Eis uma comparação: os fonógrafos terrestres emitem sons onde, além da sonoridade produzida pelo instrumento, se vocês aproximam o ouvido do pavilhão, experimentam um calor mais ou menos intenso de acordo com a elevação do tom. Ora, o ser desencarnado não sente calor, mas sensações mais ou menos deliciosas, segundo a velocidade, maior ou menor, e segundo a onda, de maior ou menor comprimento.
“As radiações que tocam o perispírito são coloridas de tons incrivelmente variados. Cada cor possui uma propriedade particular, que confere uma sensação de bem-estar, de satisfação, que difere de acordo com a pureza, a homogeneidade de cada tom.
É preciso, portanto, levar em consideração, de um lado, a qualidade das ondas, isto é, sua coloração; e de outro lado, sua velocidade, sem comprimento, as diversas fases de seus meandros.
Tudo isso provoca, no ser desencarnado, incomparáveis e excessivamente variados fenômenos, pois, quanto mais evoluído é o espírito, mais as ondas que ele percebe são diversas, assim como as cores, que exprimem os sentimentos.
Tomemos, por exemplo, o azul, que representa os mais elevados sentimentos do ponto de vista afetivo: uma onda azul lhes dará vibrações que serão para seu ser como que um banho de amor. O vermelho, nas mesmas condições, representará a paixão. O amarelo será intermediário.
O rosa, que é uma mistura de amarelo e de vermelho, lhes dará um amor menos intenso, porém mais firme. Desta forma pode-se, com as cores fundamentais, formar uma gama de tonalidades que dão por correspondência vibrações de todos os sentimentos humanos e sobrehumanos.
“Se o ser desencarnado é ainda pouco evoluído mas tem o desejo de impregnar-se de belos sentimentos, seus guias o conduzirão na direção de esferas animadas pelos seres angélicos. Quando o ser é bastante evoluído, sente, nas mesmas esferas, satisfações em que o amor e a paixão virão impregnar seu ser, e é por isso que, de retorno à Terra, os seres que amam a música recordam-se intuitivamente das permanências mais ou menos longas que fizeram no espaço, em um campo de ondas musicais.


“A música celeste não é produzida por atritos de arcos sobre cordas: tudo é fluídico, tudo é espiritual, tudo é inspirado pelo pensamento de Deus."