O estudo do Espiritismo nas suas relações com a arte limita-se com os mais vastos problemas do pensamento e da vida. Ele nos mostra a ascensão do ser, na escala das existências e dos mundos, em direção a uma concepção sempre mais ampla e mais precisa das regras da harmonia e da beleza, segundo as quais todas as coisas são estabelecidas no Universo. Nessa ascensão magnífica, a inteligência cresce pouco a pouco; os germes do bem e do belo, nela depositados, se desenvolvem ao mesmo tempo em que a sua compreensão da lei de eterna beleza se amplia.

A alma chega a executar sua melodia pessoal, sobre as mil oitavas do imenso teclado do Universo; ela se penetra da harmonia sublime que sintetiza a ação de viver e a interpreta segundo seu próprio talento, desfruta cada vez mais as felicidades que a posse do belo e do verdadeiro proporciona, felicidades que, desde este mundo, os verdadeiros artistas podem entrever. Assim, o caminho da vida celeste está aberto a todos, e todos podem percorrê-lo, por seus esforços e seus méritos, e conseguir a posse desses bens imperecíveis que a bondade de Deus nos reserva.



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segunda-feira, junho 17

Em que consiste a inspiração em nossa época?

Os Espíritos, imbuídos das belas obras rebuscadas sobre a Terra e no espaço, e que estão atualmente desencarnados, retornarão no momento em que a arte e o espírito, divinizados, deverão reflorir de uma forma mais intensa. Paralelamente, outros espíritos, que anteriormente trabalharam para a evolução material, impregnaram-se de positivismo e, aqui na Terra, na hora presente, sua inspiração, que está classificada como inspiração pessoal, encaminha-se para as coisas científicas. Mas o grupo de artistas idealistas que fica no espaço busca iluminar com uma luz divina esses seres que têm belas qualidades, sob o ponto de vista do trabalho, e que devem fazer surgir a centelha da ciência.

o que realmente importa


a Natureza

Em nossa Terra, os artistas não se inspiram todos nesse ideal superior. A maior parte limita-se a imitar o que eles chamam “a natureza”, sem perceber que ela não é mais que um dos aspectos da obra divina. No espaço, porém, a arte reveste formas ao mesmo tempo mais sutis e mais grandiosas e se ilumina com um reflexo divino.
Eis por que, neste estudo, tivemos que consultar principalmente os nossos espíritos-guias, recolher e resumir seus ensinamentos. No âmbito em que vivem, as fontes de inspiração são mais abundantes, o campo de ação se alarga; o pensamento, a vontade, o poder supremo se afirmam e irradiam com mais intensidade.
Nossos protetores invisíveis nos enviaram primeiro o Espírito Massenet, que veio nos ditar cinco lições sobre a música celeste, procedendo como o fazia sobre a Terra, nos seus cursos do Conservatório. Mas isso não podia ser suficiente para nós; precisávamos de dados mais gerais, de uma visão global sobre a forma como a arte é sentida e praticada no Além.
Observa-se muitas vezes, nas obras inspiradas por espíritos, principalmente nos livros anglo-saxões, a descrição de lugares, de monumentos, de moradas criadas com a ajuda de fluidos, pela vontade dos habitantes do espaço. Temos necessidade de esclarecimentos sobre esse assunto tão controverso e sobre o qual, até hoje, faltaram indicações preciosas.



harmonia


quinta-feira, junho 13

o pensamento e a intenção

































As lições de o Esteta fazem ressaltar a diferença que existe entre os procedimentos em uso
na Terra e os do espaço para realizar criações artísticas. Enquanto que na Terra a catedral, tomada como modelo da arquitetura, é a obra paciente de uma coletividade laboriosa, desde o humilde talhador de pedra até o grande artista que traçou o plano do conjunto, ela é, no espaço, a obra particular de um mestre que, instantaneamente e a seu bel-prazer, pode edificá-la ou destruí-la, auxiliado somente por um grupo de alunos que procuram assimilar e imitar sua idéia criadora. Aqui na Terra, o monumento é a obra da multidão humana, o trabalho dos séculos. Gerações de artistas e de operários trabalharam para elevar colunas, telhados, torres, fundiram vitrais, pintaram imagens, esculpiram estátuas. Assim foram se constituindo, lentamente, a pirâmide, o palácio, a catedral, Eis por que, em sua majestosa unidade, simbolizam o pensamento de um povo, o gênio de uma raça, a alma de uma religião.
Foi a fé, foi o entusiasmo, foi um espiritualismo ardente que erigiu, em direção ao céu, essas “bíblias” de pedra. E, nessas obras colossais, o invisível tem o seu papel; ele pensa com o arquiteto, medita com o artista, trabalha com o artesão e o pedreiro. A todos ele inspira o pensamento de Deus e do Além, na medida em que eles podem compreendê-lo e interpretá-lo.
Assim são edificados esses “livros” imponentes que são as catedrais e que, durante séculos, foram suficientes para guiar, para instruir, para consolar o espírito humano.


segunda-feira, junho 10

sublime ternura




A arte, sob suas formas diversas, como dissemos no artigo anterior, é a expressão da beleza eterna, uma manifestação da poderosa harmonia que rege o Universo; é o raio de luz que vem do alto e que dissipa as brumas, as obscuridades da matéria, e nos faz entrever os planos da vida superior. A arte é, por si mesma, plena de ensinamentos, de revelações, de luz. Ela arrasta a alma em direção às regiões da vida espiritual, que é a verdadeira vida, e que a alma anseia tornar a encontrar um dia.

abençoadas sejam as surpresas


sexta-feira, junho 7

o imanente



A arte bem compreendida é um poderoso meio de elevação e de renovação. É a fonte dos mais puros prazeres da alma; ela embeleza a vida, sustenta e consola na provação e traça para o espírito, antecipadamente, as rotas para o céu. Quando a arte é sustentada, inspirada por uma fé sincera, por um nobre ideal, é sempre uma fonte fecunda de instrução, um meio incomparável de civilização e de aperfeiçoamento.
Porém, em nossos dias, muito freqüentemente ela é aviltada, desviada do seu objetivo, escravizada por mesquinhas teorias de escola e, principalmente, considerada como um meio de chegar à fortuna, às honras terrestres. Emprega-se a arte para adular as más paixões, para superexcitar os sentidos, e assim faz-se da arte um meio de aviltamento.

Quase todos aqueles que receberam a sagrada missão de conduzir as almas para o alto se eximiram dessa tarefa. Eles se tornaram culpados de um crime, recusando-se a instruir e a esclarecer as sociedades, perpetuando a desordem moral e todos os males que se precipitam sobre a humanidade. Esse comportamento explica a decadência da arte em nossa época e a ausência de obras importantes.

confiança