O estudo do Espiritismo nas suas relações com a arte limita-se com os mais vastos problemas do pensamento e da vida. Ele nos mostra a ascensão do ser, na escala das existências e dos mundos, em direção a uma concepção sempre mais ampla e mais precisa das regras da harmonia e da beleza, segundo as quais todas as coisas são estabelecidas no Universo. Nessa ascensão magnífica, a inteligência cresce pouco a pouco; os germes do bem e do belo, nela depositados, se desenvolvem ao mesmo tempo em que a sua compreensão da lei de eterna beleza se amplia.

A alma chega a executar sua melodia pessoal, sobre as mil oitavas do imenso teclado do Universo; ela se penetra da harmonia sublime que sintetiza a ação de viver e a interpreta segundo seu próprio talento, desfruta cada vez mais as felicidades que a posse do belo e do verdadeiro proporciona, felicidades que, desde este mundo, os verdadeiros artistas podem entrever. Assim, o caminho da vida celeste está aberto a todos, e todos podem percorrê-lo, por seus esforços e seus méritos, e conseguir a posse desses bens imperecíveis que a bondade de Deus nos reserva.



.

quarta-feira, abril 24

senso artístico


» Senso artístico: constituição e evolução
(Março de 1922)
Em que consiste o senso artístico?
O estudo atento da alma nos mostra que tudo na natureza – os sons, os perfumes, os raios de luz, as cores – encontra em nós suas correspondências, suas analogias, e que suas radiações se fundem e se harmonizam às profundezas do ser, na medida da nossa evolução. É isso o que constitui o senso artístico, a compreensão do belo sob todas as formas.
A evolução desse senso íntimo, a faculdade de expressá-lo, desenvolvem-se nas almas de vidas em vidas e terminam por produzir o talento, o gênio. Nos aspectos superiores da arte, o artista encontra a alta concepção da beleza eterna; ele compreende que sua fonte única está em Deus. Do infinito, essa fonte se lança sobre todos os seres e os penetra de acordo com o seu grau de receptividade.
Raios de luz e cores, sons e perfumes, estão ligados por um encadeamento, uma espécie de escala da qual cada nota representa uma soma particular de vibrações e que constituem, em seu conjunto, uma unidade perfeita. Se a ela se juntam as formas e as linhas, essa unidade se tornará a lei geral do belo, e a arte, em suas múltiplas manifestações, terá por objetivo reproduzi-las.
O estudo da arte e suas realizações nos impregnam, pouco a pouco, de esplendores do Universo. Inicialmente insensível e inconsciente no homem primitivo, esse trabalho acaba consciente, acentua-se, revela-se sob formas crescentes para se tornar como que um reflexo da suprema beleza.

Nenhum comentário:

Postar um comentário