O estudo do Espiritismo nas suas relações com a arte limita-se com os mais vastos problemas do pensamento e da vida. Ele nos mostra a ascensão do ser, na escala das existências e dos mundos, em direção a uma concepção sempre mais ampla e mais precisa das regras da harmonia e da beleza, segundo as quais todas as coisas são estabelecidas no Universo. Nessa ascensão magnífica, a inteligência cresce pouco a pouco; os germes do bem e do belo, nela depositados, se desenvolvem ao mesmo tempo em que a sua compreensão da lei de eterna beleza se amplia.

A alma chega a executar sua melodia pessoal, sobre as mil oitavas do imenso teclado do Universo; ela se penetra da harmonia sublime que sintetiza a ação de viver e a interpreta segundo seu próprio talento, desfruta cada vez mais as felicidades que a posse do belo e do verdadeiro proporciona, felicidades que, desde este mundo, os verdadeiros artistas podem entrever. Assim, o caminho da vida celeste está aberto a todos, e todos podem percorrê-lo, por seus esforços e seus méritos, e conseguir a posse desses bens imperecíveis que a bondade de Deus nos reserva.



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quarta-feira, junho 20

instrumentos e meios de percepção


– O papel do perispírito
– Vida espiritual, instrumento e meios de percepção

“Eu me servirei dos termos e das imagens mais simples para vos fazer compreender os fenômenos do espaço. Quando desencarnardes, verificareis que radiações de uma intensidade desigual escapam do perispírito e podem atingir velocidades consideráveis.
Cada espírito, segundo o seu grau de evolução, possui um aparelho vibratório, mais ou menos perfeito, isto é, um instrumento adaptado ao seu ser. Do ser material emanam raios fluídicos pouco sutis, não azulados, cujas vibrações são quase nulas; no ser evoluído, ao contrário, o raio fluídico pode se comparar a uma corda de um dos vossos instrumentos, muito fina, muito sensível e cujas vibrações são excessivamente agudas. O ser não evoluído possuirá essa mesma corda, como se ela estivesse mergulhada em pez.
Eis, portanto, o ser desencarnado no espaço. Quando suas tendências o levarem em direção à matéria, seus raios fluídicos transmitirão ao perispírito apenas sensações materiais. Porém, quanto mais a evolução se acentua, mais as sensações materiais se atenuam e se apagam, o feixe de raios fluídicos adquire mais sutileza, potência, delicadeza, suavidade.
Sob a influência da prece, com os conselhos e a assistência dos seus guias, esse espírito irá evoluir em uma atmosfera totalmente fluídica. Suas próprias radiações se encontrarão com as correntes fluídicas do espaço e disso resultarão sensações maravilhosas de sonoridade, percebidas por todo o ser.
O ser evoluído vive em esferas fluídicas onde reinam correntes de uma inegável intensidade e de composições diversas. As ondas musicais se anulam ao contato imediato do vosso planeta, cujos fluidos são demasiado materiais. É preciso subir mais alto para perceber os acordes da lira celeste. Existem mesmo seres que, sob o ponto de vista moral, são perfeitos, mas não sentem as vibrações.
Uma educação estética é necessária; em breve falaremos sobre isso.”


   Pez: designação comum a substâncias betuminosas, sólidas ou semi-sólidas, naturais ou artificiais, resíduo da destilação de líquidos densos, de alcatrões, etc.; piche. (N.T.)

razão