O estudo do Espiritismo nas suas relações com a arte limita-se com os mais vastos problemas do pensamento e da vida. Ele nos mostra a ascensão do ser, na escala das existências e dos mundos, em direção a uma concepção sempre mais ampla e mais precisa das regras da harmonia e da beleza, segundo as quais todas as coisas são estabelecidas no Universo. Nessa ascensão magnífica, a inteligência cresce pouco a pouco; os germes do bem e do belo, nela depositados, se desenvolvem ao mesmo tempo em que a sua compreensão da lei de eterna beleza se amplia.

A alma chega a executar sua melodia pessoal, sobre as mil oitavas do imenso teclado do Universo; ela se penetra da harmonia sublime que sintetiza a ação de viver e a interpreta segundo seu próprio talento, desfruta cada vez mais as felicidades que a posse do belo e do verdadeiro proporciona, felicidades que, desde este mundo, os verdadeiros artistas podem entrever. Assim, o caminho da vida celeste está aberto a todos, e todos podem percorrê-lo, por seus esforços e seus méritos, e conseguir a posse desses bens imperecíveis que a bondade de Deus nos reserva.



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terça-feira, novembro 1

a influência da música

O verdadeiro mérito, seja do escritor, seja do orador, consiste em fazer pensar, em provocar nas almas as nobres e santas exaltações, em elevá-las em direção às alturas radiosas onde elas percebem as vibrações do pensamento divino, em uma comunhão suprema.
No entanto, para que a alma se desenvolva e desabroche no êxtase das alegrias superiores é bom que a harmonia venha se juntar à palavra e ao estilo; é preciso que a música venha abrir, para a inteligência, os caminhos que levam à compreensão das leis divinas, à posse da eterna beleza.
A influência da música é imensa e, segundo os indivíduos, reveste-se das mais diferentes formas. Os sons graves e profundos agem sobre nós de tal maneira que o melhor de nós mesmos se exterioriza. A alma se desprende e sobe até as fontes vivas da inspiração.
Quando eu tinha que fazer uma conferência em uma grande cidade, por mais de uma vez aconteceu dirigir-me, na véspera, à noite, a algum teatro lírico. Lá, escondido no fundo de um camarote, completamente isolado, eu me desinteressava de tudo o que se passava na sala ou no palco, para me deixar embalar pela obra musical. Sob a ação combinada dos instrumentos e das vozes, uma onda de idéias crescia em meu cérebro, um desabrochar de pensamentos e de imagens surgia das profundezas do meu ser. E, nesses momentos, eu determinava o meu tema com uma riqueza de matérias, uma profusão de argumentos, uma abundância de formas e de expressões que eu não poderia ter encontrado no silêncio e que nem sempre se apresentavam em minha memória no momento oportuno.
O som dos grandes órgãos e os cantos sacros produzem em mim impressões ainda mais profundas. Durante os momentos em que posso ouvir boa música, o poder da arte abre, para meu benefício, o domínio dos tesouros escondidos das mais belas faculdades psíquicas, para, em seguida, deixar-me recair pesadamente na corrente habitual do pensamento e da vida.
Na Terra, é pelo pensamento, oral ou escrito, que se comunica a fé e que se instruem os homens. Porém, no espaço, nos dizem os nossos guias, a música é a expressão sublime do pensamento divino.

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