O estudo do Espiritismo nas suas relações com a arte limita-se com os mais vastos problemas do pensamento e da vida. Ele nos mostra a ascensão do ser, na escala das existências e dos mundos, em direção a uma concepção sempre mais ampla e mais precisa das regras da harmonia e da beleza, segundo as quais todas as coisas são estabelecidas no Universo. Nessa ascensão magnífica, a inteligência cresce pouco a pouco; os germes do bem e do belo, nela depositados, se desenvolvem ao mesmo tempo em que a sua compreensão da lei de eterna beleza se amplia.

A alma chega a executar sua melodia pessoal, sobre as mil oitavas do imenso teclado do Universo; ela se penetra da harmonia sublime que sintetiza a ação de viver e a interpreta segundo seu próprio talento, desfruta cada vez mais as felicidades que a posse do belo e do verdadeiro proporciona, felicidades que, desde este mundo, os verdadeiros artistas podem entrever. Assim, o caminho da vida celeste está aberto a todos, e todos podem percorrê-lo, por seus esforços e seus méritos, e conseguir a posse desses bens imperecíveis que a bondade de Deus nos reserva.



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segunda-feira, outubro 3

Após ter-vos dado a descrição das cenas artísticas que registramos no espaço, para vós será interessante saber como agrupamos os elementos dessas cenas para compor virtualmente esses quadros.
Tentarei vos fazer compreender como reunimos as moléculas necessárias para que a nossa vontade possa projetar os fluidos capazes de se transformarem em obras que simbolizem a beleza sob todas as formas. Essas obras serão sentidas e percebidas por outros seres fluídicos que não são criadores.
Os seres imateriais que flutuam nas regiões fluídicas, infinitamente ricas e sutis, só as alcançaram por uma longa e progressiva evolução pela qual adquiriram conhecimentos e aptidões suficientes para eles mesmos poderem criar, no mundo onde vivem, entre suas existências humanas.
Vejamos um exemplo. Um grande escultor, um grande pintor ou um grande artista parte da Terra. Ele ainda está sob a impressão dos trabalhos que executou durante sua existência anterior; chegado ao espaço, não estando mais o seu espírito limitado pela matéria, ele revê o caminho percorrido desde o dia em que recebeu a essência criadora divina e adquire a certeza de que poderá, nas novas existências, desenvolver e completar o que vós podeis chamar de parcela genial.
Ele vai ver, no espaço, desenrolarem-se todos os fatos proeminentes que presidiram a eclosão da sua inspiração.
Se ele era arquiteto ou escultor, imediatamente, de acordo com sua vontade, sua memória voltará a traçar os monumentos ou as obras de arte que ele criou.
Admitimos que ele plane nesse meio do qual acabamos de falar; após um apelo a Deus, seu pensamento encontrará, por suas radiações, fluidos suficientes para reconstituir todas as suas obras. Se elas têm um caráter verdadeiro de beleza, se a inspiração é pura, se o ideal é elevado, os outros seres que rodeiam o artista sentirão despertar em si mesmos um desejo de imitação e, pouco a pouco, o véu material sendo levantado, seu pensamento pessoal será fecundado pelo do artista.
Assim, um grande mestre-escultor fará reviver esses belos monumentos nos quais a glória do Altíssimo foi cantada durante séculos. Então, imensas catedrais serão reedificadas; mas o artista não se limita sempre à obra que criou, sua visão à distância também reencontra as obras dos seus discípulos, e algumas vezes sua inspiração continua no espaço para formar de novo obras que tomam a diversos autores as partes mais bem-sucedidas de suas concepções. Se vós penetrásseis no espaço, no plano elevado a que me refiro, poderíeis perceber que monumentos, que não são semelhantes àqueles erigidos no vosso mundo, são reconstituídos pelo pensamento fluídico de seres inspirados por Deus.
"Às vezes os espíritos se reúnem, através de seus pensamentos, trocam formas, criam quadros variados. Se um espírito que viveu em um mundo superior se encontra no meio deles, ele faz seus irmãos menos privilegiados aproveitarem os recursos artísticos que ele pôde adquirir. O criador dessas cenas tem o poder de destruir imediatamente o que seu pensamento criou. Portanto, essas cenas são passageiras e pessoais ao espírito; mas aqueles que têm o desejo de se elevar podem aproveitar essa projeção artística, constituída pela combinação de moléculas fluídicas emanadas do meio ambiente.”